Em dia de eleições europeias e de alguma instabilidade do tempo a oitava edição dos “Sons da Terra”, prometeu e cumpriu. A festa aconteceu. No Largo da Praça, muitos populares vibraram com a diversidade dos sons e das emoções. O acontecimento é já uma referência incontornável da agenda cultural da freguesia.
A VIII edição dos “Sons da Terra”, foi um encontro da música e dos sabores da tradição, que fez emergir e consolidar esta nova abordagem da matriz cultural
da freguesia com novas sonoridades de instrumentos musicais e de percussão que marcam
a diferença.
Os sons da terra de todo o lado, despoletam vibrações de
quem faz o espectáculo e de quem o presencia. Na verdade a polifonia é multifacetada, ora tocadores de bombos, caixas, gaita-de-foles e pífaros, ora tocadoras de adufes e outros instrumentos tudo numa simbiose musical que “ mexe” com os participantes e com o público este ano um pouco mais reduzido e em sintonia com abstenção em dia de eleições europeias.
Com efeito, a aposta é manter em alta esta iniciativa da responsabilidade da Casa do Povo do Paul, por isso todos os anos pretende manter a tradição inovando. Na edição de 2009, a organização contou com o Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul, Fonte da Pipa, Adufeiras da Casa do Povo do Paul, Grupo de Bombos “ Maravilhas” e Girafoles e o apoio da Junta de Freguesia do Paul.
Mas, antes do espectáculo acontecer os grupos desfilaram pelas ruas da freguesia até ao Largo da Praça local onde as actuações tiveram lugar.
Com um alinhamento do espectáculo diferente a privilegiar a passagem
dos grupos mais do que uma vez pela boca de cena, durante mais de duas horas a “ sala de visitas” da freguesia, foi o palco para multiculturalidade e os desempenhos que começaram logo com a garra e a sonoridade envolvente do grupo de bombos anfitriões, passando depois para a graciosidade e a harmonia dos adufes das mulheres da Casa do Povo, que por sua vez deram lugar ao grupo Fonte da Pipa, a fazer alarde de uma qualidade irrepreensível suportada por uma viagem musical onde nem os temas do saudoso Zeca Afonso faltaram, depois chegou a batida forte do Grupo “ Maravilhas” mais semelhante aos grupos chamados “Zés-Pereiras” característicos das festas e romarias do Norte de Portugal, que antecedeu uma das surpresas da tarde protagonizada pelo grupo Girafoles constituído só mulheres gaiteiras, adoptando a Gaita-de-Foles como o seu instrumento preferido.
Da suavidade à exuberânciaCoube ao Grupo de Bombos da Casa do Povo local, encerrar as actuações e preparar o apogeu desta edição dos “Sons da Terra” com o simultâneo musical com todos os grupos participantes.
Com efeito, a sonoridade produzida por bombos, pífaros, adufes,
caixas e gaita-de-foles a tocarem em conjunto, é uma sensação indescritível e seguramente “contagiante”, vivida em edições anteriores deste acontecimento cultural, no entanto, o apelo da musicalidade produzida é tal modo irresistível que a interacção entre músicos e público acontece sempre de forma espontânea e os sons e as emoções daqueles que por dentro e por fora testemunham estes momentos, fundem-se numa simbiose da suavidade à exuberância onde a musica popular assume lugar de destaque e a festa é todos e só a chuva que toda a tarde esteve a ameaçar acabou por aparecer e pôs fim ao simultâneo.
Ouvimos alguns protagonistas que viveram esta tarde notável, “ gostamos do Paul e sentimo-nos bem aqui, até porque já cá temos amigos por isso participar neste acontecimento musical foi para nós um prazer. O Grupo Fonte da Pipa, virá sempre ao Paul para participar nas actividades da Casa do Povo quer seja ou não convidado. Quanto ao “ Sons da Terra” é uma iniciativa de grande valor e que privilegia a musica popular portuguesa por isso deve continuar”. Asseverou Fernando, o director
do grupo de Coimbra.
Para Vítor Gonçalves, esta foi uma experiência enriquecedora, “ todas as expectativas que eu tinha em relação a este espectáculo foram excedidas, estou verdadeiramente encantado com esta iniciativa, acho que devem continuar a desenvolve-la. O recinto é indicado para este tipo de eventos e então o simultâneo final foi arrebatador. Foi uma verdadeira força da natureza. Para nós esta experiencia foi marcante por isso agradeço sinceramente o convite que nos fizeram”. Sublinhou o dirigente do Grupo de Bombos “ Maravilhas”.
Mulheres gaiteiras assumem-se
Constituído por uma questão de afirmação das mulheres perante os seus maridos simultaneamente elementos do grupo “ Maravilhas”, o grupo Girafoles está a fazer o seu caminho desde do final do ano passado, “ estamos muito contentes por ter participado neste evento, é assim que ganhamos mais experiencia e para nós é muito positivo. O grupo nasceu por curiosidade e porque não queríamos ficar em casa não podendo acompanhar os nossos maridos, dai que, optamos por aprender a tocar gaita-de-foles. Vamos continuar neste rumo e estamos a pensar realizar numa iniciativa mais tradicional e aí teremos oportunidade de convidar o Grupo de Bombos e Adufes da Casa do
Povo do Paul, que é de facto um grupo com grande experiência e diferente para melhor”. Esclareceu uma das responsáveis deste grupo Jacinta Azevedo.
Também a presidente da direcção da Casa do Povo estava exultante com o sucesso da iniciativa, “ mais uma vez marcámos a diferença. Os “ Sons da Terra” produzem espectáculos com cariz tradicional mas com alguns instrumentos que não chegam tão bem a este povo paulense, tudo tem a ver a cultura do nosso país e este foi sem duvida um grande espectáculo de sons autóctones. Quero agradecer a todos quanto nos ajudaram, na realização desta iniciativa, sem esta colaboração não era possível termos ganho uma vez mais esta aposta forte da Casa do Povo do Paul”. Rematou Leonor Narciso.