Adufeiras no lançamento do livro "O Personagem na Obra de José Marmelo e Silva"

O lançamento do livro “O Personagem na Obra de José Marmelo e Silva” editado por Arnaldo Saraiva e a musicalidade das Adufeiras da Casa do Povo do Paul, fizeram a simbiose de mais uma evocação deste escritor paulense no auditório da Biblioteca Central da UBI.
José Antunes Marmelo e Silva, nasceu no Paul a 7 de Maio de 1911. Estudou no seminário do Fundão de onde é expulso por umas graçolas feitas a umas raparigas, continua os estudos nas escolas secundárias da Covilhã e Castelo Branco, até que se licencia em Filologia Clássica, passando pelas universidades de Coimbra e de Lisboa. Acaba por fixar residência em Espinho, em cuja escola secundária leccionou e é aqui que em 11 de Outubro de 1991 morre deixando uma obra reconhecida por grandes vultos da literatura portuguesa.
A obra de Marmelo e Silva tem sido pouco divulgada mesmo depois da publicação da Obra Completa (Ed. Campo das Letras - 2002), na verdade não tem merecido ainda a atenção do público em geral e quase todos os seus livros continuam silenciados e esquecidos. Mas se existem escritores que nunca utilizaram a chamada "estratégia da glória", pode dizer-se que o autor de Depoimento (1939) pertence a um escasso número de verdadeiros criadores, não obstante este escritor paulense na sua conhecida divisa literária ter afirmado que, “não escrevia para vender livros, escrevia para os escrever”.
Quanto à evocação de José Marmelo e Silva que teve lugar no passado dia 15 de Outubro, teve como o pretexto a apresentação de um livro sobre este escritor paulense.
De facto, “O personagem na obra de José Marmelo e Silva” é o título do livro editado por Arnaldo Saraiva, na “Campo das Letras”, que foi apresentado na Covilhã, pelas 16 horas, no auditório da Biblioteca Central da UBI.
Esta iniciativa teve a sua abertura solene pelo reitor da UBI, professor João Queiroz, seguindo-se a apresentação da obra romanesca de Marmelo e Silva, por Arnaldo Saraiva, professor catedrático da Universidade do Porto. A palestra “Marmelo e Silva e a Beira”, esteve a cargo de Fernando Paulouro, director do Jornal do Fundão, já a apresentação do livro “O Personagem na Obra de José Marmelo e Silva” foi da responsabilidade de Cristina Vieira, professora auxiliar da UBI, sendo que, este livro reúne um conjunto de trabalhos de Celina Silva, Cristina Costa Vieira, João Camilo, Maria de Fátima Marinho, Paula Morão e Tânia Moreira. Ensaios que têm como objectivo, a caracterização das personagens presentes nas narrativas breves de Marmelo e Silva.
O canto e as musicas tradicionais da terra natal do escritor não podiam faltar nesta evocação, para tanto as Adufeiras da Casa do Povo do Paul, lá estiveram no Auditório da UBI onde puderam uma vez mais dar conta da sua capacidade de encantar todos os públicos com os temas do seu mais recente trabalho o CD/DVD “ Cantos da Terra”.
Este trabalho etnográfico, de reinterpretação dos cantares das gentes ligadas ao campo, às festas e romarias, origina novas linhas melódicas, donde sobressaem os sabores da tradição, originalidade e descontracção, sem perder o sabor ancestral das versões originais.
As Adufeiras da Casa do Povo do Paul, devidamente trajadas, interpretam e representam com toda a alma, o saber do nosso povo e a nossa identidade cultural, pondo em cena um repertório de grande qualidade, trabalhado criteriosamente e escolhido a partir das recolhas feitas, junto das gentes mais idóneas, que consegue entusiasmar muitas plateias como foi o caso desta actuação musical no lançamento do livro, “O personagem na obra de José Marmelo e Silva”.

Chícharada na rota do Rancho Folclórico

O Rancho Folclórico da Casa do Povo do Paul, participou no passado dia 5 de Outubro no VII Festival Gastronómico do Chícharo, na capital desta leguminosa em Alvaiázere.
No Blog oficial deste evento pode-se ler, “vulgarmente denominadas “xixaras” por quem os produz, esta leguminosa de implantação mundial, apresenta diferentes denominações nos países europeus, em Italia “cicerchia”, na França “gesse”, “platterbsen” na Alemanha e em Inglaterra “vetchlings”, Provavelmente proveniente do Médio Oriente, os gregos chamavam-lhe “lathyrus” e os romanos “circula”.
Tem sido uma leguminosa rodeada de algum estigma, visto ter sido associada a tempos de crise.
Cultiva-se desde épocas remotas nas suas duas valências, como planta forrageira ou como legume comestível. Em Portugal o seu cultivo incide especialmente no Alentejo e nas Beiras, talvez os “ratinhos” a tenham transportado de norte para sul ou vice-versa. O termo chícharo é também associado em algumas zonas do país e no Brasil a feijão-frade. Dá-se essencialmente em solos argilo - calcários, e suporta bem os solos secos e calcários. A sua cultura é feita de forma intercalar, entre oliveiras, figueiras e outras árvores de produção. É semeado a lanço, em linha ou rêgo, depois da terra estar alqueivada ou gradada. Tem um sabor suave é um óptimo acompanhamento de refeições, nas Terras de Sicó”.
Com efeito, fora dos grandes centros e das grandes vias rodoviárias, também existe vida e grandes dinâmicas locais. Em Alvaiázere há sete anos que se comemora o Chícharo num evento único, fruto da junção das vontades, saberes e vivências das gentes desta terra que em três dias amostram o que têm de melhor e o rei da festa o “ chícharo” está presente nos restaurantes, nas tasquinhas, de diferentes formas, das receitas tradicionais à culinária moderna, fazendo uma viagem gastronómica pelas históricas migas, o sufflé passando pelos rissóis, tartes e licor de chícharo. Um mundo de sabores e paladares em que a tradicional chanfana, o típico leitão desta região os carapaus albardados, as petingas o bacalhau e o peixe de rio se conjugam com oexcelente azeite local constituindo uma especificidade única.
Na verdade a edição deste ano teve Exposições, Colóquios, Encontro de Coros, Lançamento de Livros, Mercado de Produtos Tradicionais, Feira de Artesanato, Mercado do Livro, Oficinas, Espectáculo de Dança, Animação de Rua, Bandas Filarmónicas, Lanche de Chícharo e Vinho Grátis (dia 5), Visitas Guiadas, Jogo com as Antigas Glórias do Benfica, Passeio de Clássicos, Passeio Todo o Terreno e a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Povo do Paul no pavilhão multiusos.
Quanto ao desempenho do grupo paulense, uma vez mais levou o publico presente a exigir a repetição de alguns temas, de uma actuação que teve três partes distintas: bombos e gaitas, canto e dança.
Para muitos populares a diferença é a marca do grupo paulense, “ estamos habituados a ver muitos ranchos, mas o vosso é bem diferente. Tem várias formas de se apresentar e musicas muito apelativas, para além da extraordinária dinâmica que apresenta em palco” . Sublinhava um responsável da organização que no final propiciou à comitiva paulense a prova da famosa leguminosa numa chícharada à taça, onde a feijoada e a migas com bacalhau foram confeccionados à mistura com o chícharo.